Muitas vezes, penso nos motivos que levam especialistas em RH a evitarem quantificar o ROI de programas de liderança ou iniciativas de cuidados no local de trabalho. Seria a falta de familiaridade com as ferramentas financeiras? Talvez.
Uma maneira simples de driblar isso é comparar o bem-estar de humanos à manutenção de carros. E, embora pareça uma inconsistência filosófica — afinal, como comparar um carro com uma vida? — isso é sim possível.
Deixando de lado as diferenças filosóficas, a boa notícia é que a mesma metodologia usada na decisão de consertar um carro é usada para decidir investir em um programa de liderança. Se pensar como um economista, é perfeitamente possível comparar os dois. O ser humano (mente e corpo) é muito mais complexo que um carro e tem muito mais peças móveis.
Sendo assim, enquanto um mesmo mecânico pode manter ou consertar um carro, são necessários “mecânicos” altamente especializados, com muitos anos de educação, para manter ou consertar um ser humano (mente e corpo).
Além disso, as partes do ser humano estão inter-relacionadas e, às vezes, nem sequer são compreendidas. Isso explica por que existem literalmente centenas de tipos de programas de liderança local de trabalho, enquanto, em contrapartida, você pode passar toda a vida levando o carro a uma única concessionária ou oficina para consertá-lo.
Continuemos com a analogia. Se uma peça importante do carro apresentar defeito, ele teria produtividade zero. No entanto, nos seres humanos, se um componente importante falhar (seja, por exemplo, por razões que envolvam ansiedade ou dor nas costas), outras partes continuam a funcionar como, por exemplo, a mente. Mas, com menor produtividade. Em outras palavras, o carro ou funciona ou não, enquanto alguém com ansiedade ou depressão pode parecer produtivo, mas a mente não funciona com todo seu potencial. Sem falar no impacto que provoca na gestão de equipe.
Assim, se pudermos admitir que os humanos têm produtividade (poucos duvidariam disso), torna-se uma questão de como medir o impacto das condições físicas e psicológicas na produtividade, e como um programa de liderança específico reduz os impactos relacionados a produtividade (absenteísmo, presenteísmo).
Além disso, se admitirmos que a produtividade existe, posso abusar da sorte e afirmar que pode variar de acordo com a ocupação e o setor. Portanto, se eu tivesse um banco de dados de contribuições à produtividade por país, ocupação e indústria, poderia ser bastante específico sobre o custo das condições de saúde e despesas advinhas de substituição de funcionários e quanto elas podem ser reduzidas por este programa.
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Outra consideração é que os programas de liderança, focados em sua maior parte em aumentar a atenção plena, inteligência emocional e habilidades de liderança, impactam múltiplas condições de toda a população de funcionários (entre elas estão: doenças mentais comuns, estresse, ansiedade, depressão – associadas a esgotamento/exaustão e condições físicas que podem ser intimamente relacionadas ao risco de doença coronariana, pré-diabetes, condições musculoesqueléticas).
Portanto, é preciso observar como o programa (no caso, da liderança) impacta os custos de produtividade de cada uma dessas condições entre os colaboradores.
• Obviamente, há outras reduções de custos associadas a programas de liderança (por exemplo, custos médicos, rotatividade, invalidez, custos de acidentes e recrutamento e integração de contratações externas em posições de liderança), mas por enquanto me concentrei apenas na produtividade.
• É claro que há também um resultado de aumento de produtividade da equipe ao impulsionar maior inteligência coletiva do grupo de indivíduos liderados, resolução eficiente de problemas, inovação e economia de custos. Mas por enquanto me concentrei apenas na produtividade inicial. (nota: o impacto positivo do programa de liderança na inteligência coletiva da equipe aconteceria se a sensibilidade social do grupo aumentasse, a distribuição da troca de turnos na conversação se tornasse melhor e a proporção de membros femininos do grupo fosse significativa como resultado deste programa).
Se você consegue calcular custos reduzidos, é possível calcular o ROI. Nosso site wellcastroi.com contém os cálculos financeiros específicos. Obviamente, existem outros benefícios não quantificáveis em ter funcionários mais saudáveis (mentes e corpos), como a felicidade e a realização, mas felizmente o ROI gerado apenas pelo aumento da produtividade é mais que suficiente para obter a aprovação do seu programa de liderança.