Muitos profissionais do setor têm dúvidas sobre o tema e o valor de calcular o ROI de programas preventivos. Por que motivo os departamentos de RH e os médicos não quantificam o ROI dos investimentos em programas de prevenção? Hoje isso é um verdadeiro mistério. Seria apenas uma questão de não conhecer ferramentas de cálculo financeiro durante sua formação acadêmica? Muito provável. Será que a comparação entre a manutenção de um carro e a do corpo humano é filosoficamente inconsistente? Carro é carro e reduzir a pressão arterial, por exemplo, ajuda a salvar uma vida humana. Será que é possível comparar um carro com uma vida? A princípio sim.
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Temos que entender que, nos dias de hoje, é difícil aprovar programas de prevenção sem algum tipo de cálculo de ROI. Mas a boa notícia – ela sempre vem – é que a mesma metodologia usada para consertar ou manter um carro é usada para investir em programas de prevenção. Na minha opinião, é perfeitamente possível comparar as duas coisas. O corpo humano é muito mais complexo do que um carro – todos nós sabemos disso – com muito mais partes móveis. Enquanto um mecânico pode consertar um carro, são necessários muitos “mecânicos especializados”, com muitos anos de formação, para consertar um corpo humano.
Além disso, as partes do corpo humano estão inter-relacionadas e, às vezes, não são muito compreendidas. Taí a explicação do porquê há centenas de tipos de programas de prevenção em comparação com o fato de levar seu carro a uma única oficina para consertá-lo. Cada programa de prevenção “conserta” uma ou mais partes do corpo, deixando outras partes para sobreviver por conta própria. Mas fique tranquilo que a analogia continua por aqui. Eu explico.
Se uma peça importante do carro der defeito, o carro para. Não há dúvidas. Sua produtividade zera. Já com os seres humanos, se um componente importante falhar (digamos que a pessoa sente dor nas costas), outras partes continuam funcionando (a mente segue trabalhando, mas menos produtiva).
Com o carro, ou funciona ou não, enquanto alguém com ansiedade ou depressão dá a aparência de produtividade, mas a mente não funciona em todos os “cilindros”, gerando menos produtividade. É matemático.
Se admitirmos que o ser humano tem produtividade – poucos duvidariam disso – torna-se uma questão de como medir o impacto das condições físicas e psicológicas na produtividade, e como um programa específico de prevenção impacta na redução da produtividade. Daí a importância do programa de prevenção bem calculado.
Além disso, se alguém admite que a produtividade existe, posso muito bem afirmar que a produtividade varia de acordo com a ocupação e a indústria. Portanto, se eu tivesse um banco de dados de contribuições de produtividade por ocupação e setor, poderia ser bastante específico sobre o custo das condições e quanto elas podem ser reduzidas pelos programas.
Outra consideração é que, enquanto alguns programas se concentram em uma única condição – como vacinas contra Covid-19 -, outros programas como atividades físicas – impactam várias condições (CHD, Diabetes, Osteomuscular).
Por isso que pode-se afirmar que exercícios impactam nos custos de produtividade de cada uma dessas três doenças. É claro que existem outras reduções de custo associadas a programas de prevenção (por exemplo, despesas médicas, rotatividade, afastamentos, e acidentes), mas por enquanto, o papo aqui se concentra em produtividade.
Vamos então às conclusões: Uma vez que se pode calcular os custos reduzidos, é possível calcular o ROI. Em nosso site disponibilizados os cálculos financeiros específicos. A gente sabe que há outros benefícios não quantificáveis de ter corpos e mentes saudáveis, como a felicidade e a realização, mas felizmente, o ROI gerado apenas pelo aumento da produtividade é mais do que suficiente para seguir com a aprovação dos programas.